ESTARIA
O BRASIL NECESSITANDO MAIS DE ESCOLAS E ENSINO DE QUALIDADE OU NOVOS TRIBUNAIS?
Qualidade do ensino freia adaptação do Brasil ao mundo digital
Fraco desempenho em ciências e
matemática é barreira para País, diz Fórum Econômico Mundial
10 de abril de 2013 | 20h 58
Jamil Chade, correspondente de O Estado de S. Paulo
GENEBRA - Com um
dos piores ensinos de matemática e ciências do mundo, o Brasil reduz sua
capacidade de adaptação ao mundo digital. Um informe apresentado nesta
quarta-feira, 10, pelo Fórum Econômico Mundial aponta que o País subiu apenas
da 65.ª para a 60.ª posição entre as nações mais preparadas para aproveitar as
novas tecnologias em seu crescimento.
Além do ranking sobre
capacidade de adaptação ao mundo digital, o Fórum divulgou outros dois,
referentes ao ensino de matemática e de ciências.
Entre os 144 países
avaliados, o Brasil aparece no 116.º lugar em educação, atrás, por exemplo, de
Chade, Suazilândia e Azerbaijão. Em ciências, Venezuela, Lesoto, Uruguai e
Tanzânia estão melhores posicionados no ranking que o Brasil, que ocupa a 132.ª
posição.
O resultado é uma
estagnação no avanço da tecnologia no Brasil, apesar dos investimentos públicos
em infraestrutura e de um certo dinamismo do setor privado nacional. Na América
Latina, países como Chile, Panamá, Uruguai e Costa Rica estão melhores
preparados para enfrentar o mundo digital que o Brasil.
“Apesar desse progresso,
a tradução dessa maior cobertura em impactos econômicos em inovação e
competitividade está estagnada”, alerta o documento. Um dos motivos é a
“qualidade do sistema educacional, que aparentemente não garante as habilidades
necessárias para uma economia em rápida mudança em busca de talentos”, indicou.
Mesmo em países pobres como Senegal, Quênia e Camboja, o acesso de escolas à
internet é superior, segundo o informe.
O ranking é liderado
pela Finlândia, seguida por Cingapura e Suécia. O Brasil, de fato, vem ganhando
posições. Mas os autores do informe estimam que a posição hoje do País no
ranking não condiz com uma das sete maiores economias do mundo.
O informe considera que
a maioria das economias em desenvolvimento continua sem conseguir criar as
condições necessárias para reduzir a falta de competitividade existente na área
da tecnologia de informação, em comparação às economias desenvolvidas. “No
Brasil temos grande desenvolvimento por parte de empresas multinacionais para
melhorar a competitividade, mas esse empenho não se estende por todo o setor
privado”, alertou o editor do informe, Beñat Bilbao-Osorio.
Internet
A subida de posição do
Brasil no ranking vem dos avanços em infraestrutura e do fato de o País ter
dobrado a capacidade de uso de banda larga, além de ampliar a rede de
celulares. Em bandas fixas, o Brasil é o 11.º colocado no ranking.
Outro problema sério,
porém, é o ambiente para promover inovação e burocracia, além do custo dos
celulares, um dos mais altos do mundo. O Brasil aparece na 130.ª posição entre
os 144 países, superado pelo Gabão.
O número de usuários de
internet no Brasil, em 2011, também não chegava ainda a 45%, o que deixa o País
na 62.ª posição nesse critério, abaixo da Albânia. Apenas um terço dos
brasileiros tem internet em casa. A taxa despenca para apenas 8% se o critério
for o número de casas com banda larga.
O Brasil não é o único a
passar por essa situação. “Os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África
do Sul) enfrentam desafios”, diz o informe. “O rápido crescimento econômico
observado em alguns desses países nos últimos anos poderá ser ameaçado, caso
não forem feitos os investimentos certos em infraestruturas, competências
humanas e inovação na área das tecnologias da informação”, alerta.
“A digitalização criou 6
milhões de empregos e acrescentou US$ 193 bilhões à economia global em 2011.
Apesar de positivo, o impacto da digitalização não é uniforme nos setores e
economias – cria e destrói empregos”, disse Bahjat El-Darwiche, Sócio, Booz
& Company.
RANKING
Segundo a capacidade de adaptação ao mundo digital
1. Finlândia
2. Cingapura
3. Suécia
4. Holanda
5. Noruega
6. Suíça
7. Reino Unido
8. Dinamarca
9. EUA
10. Taiwan
60. Brasil
2. Cingapura
3. Suécia
4. Holanda
5. Noruega
6. Suíça
7. Reino Unido
8. Dinamarca
9. EUA
10. Taiwan
60. Brasil
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