Mostrando postagens com marcador fragilização da democracia representativa. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador fragilização da democracia representativa. Mostrar todas as postagens

domingo, 27 de novembro de 2011

CONFIRAM "JUSTIÇA PARA JUSTIÇA"

Justiça para justiça

Luiz Edgard Cartaxo de Arruda Junior
cartaxoarrudajr@gmail.com
memorialista

            A opinião pública julga falcatruas dos governantes e parlamentares.
Há indignação com vícios do nosso sistema político. O abuso do poder econômico deteriora as escolhas eleitorais, fragilizando a democracia representativa.
            Essa realidade tem adubado o debate da Reforma Política, com reflexões acerca dos infortúnios e mazelas que permeiam os interesses privados na esfera pública.  Dentre os poderes da república, a justiça sempre resistiu a claridade do olhar público. Os labirintos dos tribunais ainda são inacessíveis ao povo e o que acontece em seus umbrais são coisas, muitas vezes, nebulosas, cheirando a negociações espúrias e danosas.
            A ministra Eliane Calmon, corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), tem rasgado o véu do silêncio e denunciado a existência de esquemas de corrupção, chegando a cunhar um conceito peculiar para designar o fenômeno: bandido togado.
            A resistência corporativa tenta encobrir os pecados que dilaceram a credibilidade da justiça. O CNJ tem sido a única instância de controle sobre o comportamento criminoso de juízes, com o mínimo de isenção, mas ainda com poucos recursos de punibilidade. A ousadia de tentar fazer cumprir o seu papel, identificando juízes e esquemas de corrupção, despertou a insurreição das forças medievais que dominam o Poder Judiciário. Descaradamente, tentam destruir a instância de controle e contenção das irregularidades e do jogo impune de propinas e interesses que transformam parte da justiça brasileira num balcão de negociatas.
            Até a Igreja se curvou diante dos desvios éticos e morais dos seus servos de Deus. A  pedofilia que recai sobre o manto sagrado da batina não são mais ocultadas.  A Igreja se modernizou e já respira os ares do século XXI, punindo seus erros.  O Judiciário quer pairar acima do bem e do mal; não quer que se faça justiça sobre os escândalos que rondam os tribunais, transformando agentes de justiça em mafiosos de toga. O manto preto da impunidade dos juízes e seus esquemas organizados de enriquecimento ilícito, talvez seja o lado mais obscuro a comprometer a saúde da democracia brasileira.
            Há quadrilhas atuando sob a sombra da toga e o tráfico de influência contamina todos os poderes. É comum a venalidade do juízo jurídico, o jogo de chantagem e o enriquecimento ilícito do crime organizado de colarinho branco.  Isso faz desabar e destruir a justiça brasileira, minando as bases institucionais da sociedade democrática que se quer implantar e consolidar.
            Devemos lamentar que parte da justiça brasileira atue de mãos dadas com o crime organizado, vivendo em feudos intocáveis e sendo remunerada com salários de sultão. Dizem que aplicam golpes sem pudores, com a desenvoltura de gatos noturnos em sua larapia arrogância, crentes na impunidade eterna. Devemos fortalecer e democratizar o CNJ, antes que a máfia destrua suas células éticas.